(Millions, 2004 – ING)
Trabalhar com uma história em tom de fábula é de uma dificuldade peculiar, pois perder o estigma de um provável filme bobinho e bonitinho é uma dificuldade tremenda e pouquíssimas vezes realizável. Mas a tendência é terminar dessa forma, com um filme que agrada a gregos e troianos, divertido e ainda assim pouco entusiasmado. O título Caiu do Céu vem bem a calhar, dois irmãos são surpreendidos com uma mala recheada de libras esterlinas, a mala simplesmente caiu em cima deles.
Faltam sete dias para a Inglaterra migrar para o Euro, e a partir daí a Libra perderá seu valor. Anthony, o mais velho deseja investir no mercado financeiro, comprar um imóvel, um jet-sky. Damian, o caçula e também o narrador da história, pretende fazer caridade com o dinheiro, o jovem tem predileção por santos, têm visões, sabe da história de cada um deles.
Ai entra o diferencial do filme, a direção ágil e intensa de Danny Boyle (Extermínio/Trainspotting). O cineasta segue a cartilha para confeccionar uma fábula, e, além disso, insere habilmente elementos lépidos, trazendo requinte e uma boa dose de dinamismo. Exemplo prático é a câmera acompanhando Damian por alguns cômodos da casa, enquanto o garoto se dirige ao quarto do pai, a câmera faz movimentos circulares, roda em torno de seu próprio eixo, focaliza por cima todo o movimento do garoto.
No mais além de alguma crítica a alguns pontos do estilo de vida britânico, o filme faz o beabá do gênero, um garotinho bonitinho e simpático, algumas boas piadas, um vilão violento. Caiu do Céu é divertimento certeiro, discute valores, traz boas risadas, enfim se preza perfeitamente ao que gostaria de ser.
Damian (Alexander Etel) Anthony (Lewis McGibbon)