Cheguei 30 minutos antes da sessão no Vitrine e a fila fazia voltas, eram 14:00 em plena segunda-feira. O filme, Flores Partidas. Na platéia Marilia Gabriela novamente do meu lado uma garota que viu O Inferno duas vezes e dormou em 2046. Motivo? “h eu sempre durmo nos cinemas.”
Depois 3 horas intermináveis de espera para a sessão dupla no Unibanco, Pickpocket e Paradise Now. Na primeira a presença da atriz e seu marido odiretor de fotografia de Caché, claro que o Leonque os apresentou. Entre as sessões, rolou uma mesa redonda entre eu e mais tres pessoas que esperavam pela sessão, e todos foram unanimes em elogiar Cinema, Aspirinas e Urubus…, vejo na quarta
Flores Partidas (Broken Flowers, 2005 – EUA)
Uma singular carta num envelope cor-de-rosa, uma sonora e embalante música enquanto acompanhamos a entrada dessa carta numa caixa de correio e todo o caminho percorrido entre as máquinas do correio até que chegue a seu destino final. As vezes quando a vida fecha uma porta, outra se abre, Don está sendo deixado pela namorada no instante em que a carta chega por debaixo da porta. Um road-movie existencial? Nem tanto.
A carta é de uma antiga namorada, mas ela não assina e não há remetente, diz que ficou grávida dela há vinte anos e o filho partiu agora para uma viagem misteriosa e ela desconfia que seria para encontrar o pai. Cartas na mesa, um amigo metido a detetive o convence a fazer uma lista das namoradas da época, procurá-las e assim desvendar o mistério da paternidade.
Torna-se para Don mais que uma viagem ao passado, é como se a dica filosófica que ele oferece a um rapaz durante o filme fosse o resumo de sua vida, o passado ficou para trás, o futuro não sabemos, nos resta o presente. Don faz essa viagem não só para descobrir o filho, mas talvez encontrar um brilho que ele deixou para trás,
Bill Murray repete o personagem de Encontros e Desencontros, só que em momento algum cansamos das semelhanças, como seu quiséssemos saber mais daquela figura enigmática do filme da Coppola. Mas Jim Jarmusch tem outro estilo, alias Jarmusch é puro estilo. Nada de muitos sentimentos, Bill Murray continua impagável, carrega flores nas mãos para equilibrar o amargor de sua face.
Flors Partidas é um filme divertido, muito divertido, mas vai perdendo sua força na segunda metade. Vamos ficando com Bill Murray e seu humor negro irresistível, quando um ator consegue arrancar gargalhadas diversas vezes sem proferir uma palavra, quer dizer que encontrou o timming. Então o filme segue assim, Murray divertindo e Jarmusch nos embalando com musicas agradabilíssimas além das pitorescas aparições de Jeffrey Wright e do desfile de atrizes renomadas.
Don (Bill Murray) Winston (Jeffrey Wright) Laura (Sharon Stone) Carmen (Jessica Lange)