Paradise Now (2005 – PAL/HOL/ALE/FRA)
O que se passa na cabeça de um homem-bomba? Qual a chave para se entender o fanatismo religioso, capaz de levar alguém a explodir seu próprio corpo, num atentando a um restaurante, ou outro local qualquer? Se alguém esperava por essas respostas, por explicações, não irá encontrá-las. Muito longe de ser definitivo, e didático, o filme é sobre a fictícia vida de Said (Kais Nashef) e Khaled (Ali Suliman), ou mais precisamente, sobre as últimas horas da dupla, antes de realizarem o grande feito. Os mistérios que cercam essas mentes (lavagem cerebral?) são incompreensíveis dentro das crenças mais “ocidentais”.
Khaled e Said trabalham numa precária oficina mecânica, até que são informados que foram escolhidos para executar um atentado. Não há hesitação. Esperavam há tempos por esse chamado. Acompanhamos a última noite dos dois, e os preparativos na manha do dia seguinte, em atividades como gravar um discurso empunhando uma metralhador,a e a colocação das bombas pelo corpo.
O filme ainda tenta discutir que há outros meios para se lutar pela liberdade, que mortes apenas trarão outras mortes e etc. Esse discurso é inserido por Suha (Lubna Azabal), uma garota apaixonada por Said que morou na França muitos anos. É a forma como o diretor Hany Abu-Assad insere sua mensagem como quem quer dizer: vocês ficam ai lutando, e só os que saem dessa panela de pressão percebem que lutam errado pela causa certa. O caminho certo talvez ninguém saiba, mas os créditos finais, em silêncio, fazem o público sair quieto e pensativo. O final causa impacto.
[…] Abu-Assad já ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro (Paradise Now), e mais recentemente foi premiado na Un Certain Regard com o romance entre fronteiras palestinas […]
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