Daniel Burman novamente numa crônica familiar, e novamente retratando uma família judaica. Dessa vez Ariel é um homem metódico e acomodado, buscou a mulher com quem almejou casar-se, buscou o emprego que lhe daria conforto, buscou a mais cômoda proximidade com o pai que lhe fosse possível (proximidade bastante distante inclusive). Até frisa numa passagem do filme pagar uma escola cara para não ter que participar de tudo aquilo que a escola deseja que os pais participem.
De forma contida, amistosa e bem-humorada, o filme traça uma visão extremamente masculina de se encarar casamento e relacionamento familiar, a forma ideal para um homem comum viver nessa bolha de laços e relações. O não se envolver bastante, o não participar dos problemas do dia-a-dia, o não se preocupar. Mas Ariel é um cara especial, (acomodado, mas especial), e quanto sente-se pressionado busca em seu estilo desengonçado as armas necessárias para enfrentar seus desafios, sejam eles aproximar-se do filho, seja demonstrar ciúmes da esposa. E assim Ariel, entre acomodações e atitudes, ama sua família, do seu jeito, e nos oferece um filme rico nesse ambiente familiar, nesse relacionamento eternamente problemático (e ainda assim delicioso), e prova que essa redoma criada por Ariel para brindar os incômodos acaba se mostrando um escudo contra as coisas que lhe farão o verdadeiro bem.