Treeless Mountain (2008 – COR)
A vida das irmãs já não eram fácil em Seul. A mãe, sozinha, precisava de favores dos vizinhos e de altas responsabilidades da mais velha (voltar sozinha da escola, cuidar da irmã) no dia-a-dia familiar. Quando a mãe parte em busca do pai das crianças, deixando-as sob cuidados da cunhada, é que se evidencia a dor no coração, em constatar, a vida dessas adoráveis pequenas. A doçura da mãe, a dedicação, nem de longe se apresentam no comportamento da tia, as meninas tornam-se obcecadas pela possibilidade de encher o cofre de moedas e assim rever a mãe (na metáfora que as crianças levam ao pé da letra).
Kim So-Yong utiliza muitos planos fechados, isso num filme focado, integralmente, em duas meninas entre 3-6 anos, traz uma sensação de proximidade, de dividir o espaço com elas, de praticamente brincar com aquelas duas garotinhas tão amáveis e desamparadas. A câmera como catalisadora desse universo infantil corrompido, o estranhamento de duas crianças que amadurecem além da idade, que precisam cuidar uma da outra sem uma presença adulta, que seja no mínimo, carinhosa e paliativa de comportamentos.
A cada cena um novo golpe no coração do público, sem abusar de acontecimentos perversos o filme apenas pontua com singeleza um cotidiano de esperança, de expectativa, de crianças distantes da escola, renegadas a um convívio familiar fragmentado, em meia dúzia de acontecimentos corriqueiros que eclipsam esse abandono (in)justificável.