Contracorriente (2009 – PER)
Enquanto mantinha-se no clichê de um homem casado, cuja esposa está prestes a dar a luz, mantendo um tórrido romance “às escondidas” com outro homem, o filme seguia coerente, apenas mais um registro de vidas-duplas mantidas para não se quebrar a harmonia, a falta de coragem de “sair do armário”. Assim, o cineasta Javier Leon-Fuentes abusava da bela paisagem de um vilarejo de pescadores no Peru. Querendo soar definitivo, o roteiro aprofunda-se num drama que não fica tão exposto nas telas, Miguel (Cristian Mercado) é um devoto religioso, um líder local, querido por todos, um marido carinhoso. A junção dos temas polêmicos parecia pouco ao filme, por isso a tragédia e o toque sobrenatural, assim ficamos com um personagem de camada superficial íntegra, e em seu interior mais profundo um egoísta brando. Nessa mistura toda, Leon-Fuentes não vai além de uma camera registrando diálogos, de um excesso de leveza no humor que torna toda essa história pasteurizada por suas próprias pernas.