Quanto mais se debruça na obra de Alfred Hitchcock, mais se descobre o quanto ele reciclava suas próprias idéias e temas. E esse comportamento não é demérito algum já que o cineasta conseguia realmente se reinventar partindo de idéias idênticas. A cena inicial de 39 Degraus no teatro lembra muito O Homem que Sabia Demais, a trama de perseguição a um homem inocente é tema recorrente e por aí seguem as “coincidências”. Logo após a breve apresentação no teatro que termina caótica e do assassinato que Richard Hannay (Robert Donat) acaba acusado, tem início uma acelerada sequência de fugas na viagem até a Irlanda onde nosso protagonista tenta descobrir o misterioso segredo dos 39 Degraus.
O ritmo é de tirar o fôlego, continuo não achando que esse era o forte de Hitchcock (cenas de perseguição, do que hoje chamamos de cinema de ação). Ainda assim, no meio de toda uma intriga de espionagem, o mestre do suspense, sempre com seu humor afiado faz brotar uma história de amor, e nesse ponto a cena na escada que faz mudar a opinião de Pamela (Madeleine Carrol) e as seguintes no quarto do hotel quebram o clima alucinante de forma perfeita.