O prédio, abandonado há décadas, se tornou o elefante branco invadido por sem-tetos. Ao seu redor nasceu uma favela, e como sabemos, onde há favela, normalmente há marginalização, tráfico, problemas sociais. Sob a ótica de dois padres e uma assistente social, o filme resgata não só o cotidiano dessa região de Buenos Aires, como a relação entre pessoas engajadas na melhoria da situação dos que ali vivem e as dificuldades do caminho.
É um Cidade de Deus sem a pegada pop e o virtuosismo estético, os padres (Ricardo Darín e Jérémie Renier) vivem dilemas pessoais e profissionais. A construção patrocinada pelo episcopado não vai, os funcionários nunca recebem salários. Alguns personagens coadjuvantes mostram bem a guerra do tráfico, como os jovens acabam no mundo marginal. Trapero aparece aqui e ali com alguns plano-sequencias belos, os padres cruzando a favela e conversando sobre a situação do local, a câmera os acompanha, num trabalho cirurgico.
Porém, o filme se apega demais a todos os seus temas, qual a importação de um padre europeu que se envolve de forma “carnal” com uma mulher? Nenhuma para o funcionamento da favela, ou, até mesmo, para o grande tema que seria essa relação entre Igreja e o social, os mecanismos e a vagarosidade da corrupção. O filme tenta provar que mergulhado naquele submundo, qualquer um cria sua própria ética, no final, todos estão em busca de cumprir suas metas, seja o governo, seja a Igreja, seja o traficante protegendo o seu negócio.
[…] Mon Cahier du Cinéma Skip to content HomeAbout ← Elefante Branco […]
CurtirCurtir