Os cineastas romenos só podem ter feito um trato, e seguem à risca a cartilha pré-definida. Cinema rigoroso, lento, de planos fixos e que guarda finais capazes de desmistificar o tema detalhadamente desenvolvido. O boom dos romenos já passou, agora são uma realidade presente no cenário internacional, ainda assim capazes de realizar filmes surpreendentes.
Cristian Mungiu leva seu rigor estilístico a um convento, nuna zona rural da Romênia. A chegada de uma jovem não religiosa (amiga e ex-amante de uma das freiras) causa confusão, as freiras não conseguem agir normalmente, recriminam pela curiosidade. Mungiu gasta mais de duas horas entre as tentativas da visitante em retomar o romance, e na fé como combustível ao dia-a-dia das freiras. E o confronto é inevitável, chega ao limite.
A brusca mudança de ponto de vista, do mesmo fato, nos minutos finais, é chocante, crua, com uma frieza real. Absorta da questão religiosa, como se todo o peso do tabu da questão pudesse ser limado e julgado como uma questão prática. A posição cínica sob a ortodoxia religiosa, carregada de um humor negro capaz de causar gargalhadas, bate forte no tabu a ponto de torná-lo a coisa mais comum do mundo.