Foram mais nove anos de espera sobre o “o que teria ocorrido em Paris com Celine (Julie Delpy) e Jesse (Ethaw Hawke)?” Na Grécia a resposta. O olhar de Richard Linklater continua leve sobre os personagens, acompanhando os dois em conversas durante caminhadas ou dentro de um carro (longa cena sem cortes).
Sobretudo um filme sobre o amor, de uma forma pé-no-chão, como se a maturidade tivesse finalmente chegado aos corações dos dois (nos outros filmes o amor era mais romântico, já os temas debatidos com certo grau de maturidade). Crises, inseguranças, dúvidas, todo o misto de choque de emoções estão presentes nessa longa história de idas e vindas, Celine e Jesse são como nós, um casal de altos e baixos. E adoram argumentar, defendem e atacam, e nisso o texto e o ritmo dos diálogos vão além do maravilhoso, atingem o real.
Nada pode ser mais real do que insinuações, divididas com questões do dia-a-dia, permeadas pela beleza de um local paradisíaco, enquanto falam de trabalho e sexo (e como falam de sexo). Chega um ponto em que a relação de Celine e Jesse se dissocia de qualquer relação que o público já tenha vivido, por outro lado ela é cada vez mais possível e presente nas memórias e experiências de cada um. Porque eles não passam de pessoas, com individualidades, opiniões, e corações transbordando de emoção. Eles são de carne e osso, amam e brigam e tem dúvidas como nós, são a própria representação de um casal idealizado por uma geração, se filmarem 50 filmes nos emocionaremos 50 vezes.