O estômago se remexe levemente desde os primeiros instantes, quando o jovem deixa os amigos no carro para pedir informação de como chegar ao endereço pretendido, e é recebido por dois senhores, pouco simpáticos e mal encarados, que quase lhe confiscam sua carteira de motorista, apenas para dar as direções certas. Trata-se de um único plano-sequencia de 134 minutos, um trabalho de ensaio e sincronismo fabulosos, capitaneados pelo diretor Shahram Mokri.
Ele e sua equipe caminham por um acampamento, os jovens ali se alojam para um festival de pipas, nas redondezas homens que trabalham num restaurante, há citações sobre o restaurante utilizando carne humana, sinistro. A cada novo personagem focalizado, um novo ballet minucioso capaz de integrar todos os personagens, revivendo diálogos já vistos, seguindo um a um dos que aparecem em cena.
Enquanto o suspense é pontuado de forma contínua e presente, Mokri consegue desenvolver grande parte dos personagens e suas interrelações. De antigas paixões a novos namoros, pais superprotetores e aparições fantásticas, o filme segue o estilo narrativo de Elefante (de Gus Van Sant), tornando toda a experiência ainda mais rica e instigante. O vai e vem cronológico, o cuidado para que a câmera esteja sempre em movimento, e que faça sentido, e ainda uma trama envolvente (sem pressa), como um bom vinho que é melhor saboreado aos poucos.
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