Je, Tu, Il, Elle (1976 – FRA/BEL)
Desvendar o título é uma forma de desvendar a proposta e a própria diretora. Chantal Akerman é a própria protagonista que escreve a alguém, enquanto entediada muda móveis de lugar e come um pó, como se fosse criança. Se Chantal é o eu, você poderia ser o próprio público. Ele, o caminhoneiro, que no segundo segmento da história dá carona a Chantal, conversam sobre família, até se perceber os primeiros sinais do alto teor sexual do filme.
Na fase final surge Ela, a namorada, e nesse momento Chantal mergulha em cenas explícitas de erotismo, esfrega sua opção sexual e termina o ciclo provocador e experimental de sua proposta. É seu grito de liberdade, sua foma de expressão pura e ofensiva, falando abertamente quando poucos estavam preparados para tamanha liberdade e queda de filtros.
A simplicidade fílmica (poucos planos e falas, raros cenários) é outro trunfo, porém, na ansia de chocar e expor sua visão feminista, há uma repetição da proposta (que só o seguimento com o caminheiro consegue se resolver bem), como se os demais funcionassem melhor numa esposição de artista plástico.