O novo american way of life do americano médio é defender seu país contra o terrorismo, enquanto em casa uma bela família aguarda o retorno do pai herói contra os inimigos islâmicos. São conceitos enraizados após os governos de Bus pai e filho, onde o nacionalismo e a defesa nacional estão acima de tudo. É outro típico trabalho do bom e velho Clint (Eastwood), sereno e republicano, porém antenado as coisas mais íntimas da “sua gente”.
A partir da biografia de Chris Kyle (Bradley Cooper), um atirador de elite americano, que se tornou lenda, pela quantidade de mortes de combatentes inimigos durante batalhas no Iraque, Clint traz a guerra para dentro da cidade, da vida rotineira, para perto de nós. Falando ao celular com a família, disparos por todos os lados, a rua vira um campo de batalha e a esposa ouve tudo do outro lado, frágil, louca, incapaz de fazer nada, os tempos mudaram, tudo está ao alcance de nossas mãos.
Chris é o herói americano típico, se alista depois de ver na tv americanos mortos num ataque terrorista. De caráter integro, de nacionalismo puro, de virtudes únicas. Esposa (Sienna Miller), filhos, o respeito dos colegas, a precisão militar. Clint legitima a decisão dos governantes de interceder militarmente em outros países, enquanto traça o drama particular de Chris, como a dificuldade de adaptação quando longe do campo de batalha.
A posição antagônica de Clint frente a guerra-ao-terror, legitimar e ainda assim realizar um filme tão antiguerra, tem causado discussões homéricas, polêmica por todos os lados. Encontro na visão do velho Clint, o dissecar desse sonho americano: puro e ingênuo, carregado de austeridade e dramaticidade que foge ao melodrama. Por outro lado, o heroísmo exacerbado, o exagero da rivalidade entre antiradores inimigos, Clint não é perfeito, como ninguém é. Homens duros que choram por dentro, mas agem em prol de sua integridade, de suas convicções, de sua nação. É o sonho americano desmistificado, personificado pela incomunicabilidade de um herói cristalino traído por sua própria solidariedade.
[…] Birdman, que eu considero o pior filme do ano, histérico, irritante e pedante, eu preferiria Sniper Americano e seu american way of life atualizado, ou Boyhood e a consagração do cinema inventivo de Richard […]
CurtirCurtir
[…] Sniper Americano, de Clint Eastwood […]
CurtirCurtir