Visita ou Memórias e Confissões (1982 – POR)
Rodado em 1982, e guardado desde então na Cinemateca Portuguesa, o filme-testamento de Manoel de Oliveira só pode ser exibido ao público após sua morte. Foi filmado em razão da venda da casa onde o cineasta português viveu por quareta anos, talvez os mais importantes de sua vida pois foi o período onde nasceram seus filhos e netos e onde sua carreira pelo cinema se solidificou.
Da necessidade financeira de se desfazer do imóvel, Manoel cria uma poesia visual, com textos de Agustina Bessa-Luis, nas vozes de Diogo Dória e Teresa Madruga, enquanto o próprio conta sua história. Seu casamento, o período em que passou preso, a falência da fábrica do pai, movimentos políticos portugueses e outros fatos tão pessoais, contados de forma tão particular.
Sua vida centenária (naquele momento já tinha mais de setenta anos) se entrecruzam com a história de seu país e de seus conterrâneos. A delicadeza com que fala à câmera e exibe vídeos caseiros dão saudade dos filmes que poderiam ter sido filmados pelo mestre, saudades da sua proximidade com a literatura, e sua capacidade de desenvolver contos morais com a polidez costumeira. São suas memórias e confissões, uma visita que ele nos permitiu depois que já não estivesse entre nós para dar explicações de tudo aquilo, e por isso, não é um filme que possa ser classificados em estrelinhas.