O cinema português vive um caso à parte, por ser um país de população nem tão numerosa, a realidade de público é pequena. Ainda assim, o cinema português tem sobrevivido com bom destaque, normalmente em filmes de teor artístico, ou experimental, sempre com uma linguagem própria e grande renovação entre os cineastas. Agora surge uma nova leva de cineastas, talvez seguindo a trilha de Miguel Gomes (o nome mais destacado atualmente). O jovem João Salaviza é um desses expoentes, em 2015 lançou seu primeiro Longa (Montanha), este blog ainda não viu o filme, mas conseguimos conhecer um pouco dos curtas e comentamos agora.
Arena (2009 – POR)
Este seu terceiro curta ainda é seu trabalho mais famoso. Percorreu inúmeros festivais, mas a consagração máxima foi com a Palma de Ouro. Trata de maneira áustera o drama de um jovem, em prisão domiciliar, que sofre bullying de outros garotos. Salaviza não só explora a questão da não-mobilidade, como também os bairros de subúrbio de Lisboa que chegam a lembrar uma cadeia. E por fim, a questão da vingaça, honra, tudo isso nessa narrativa precisa, onde nem tudo está exposto no plano.
Strokkur (2011 – POR)
Este é mais experimental, o filme abre e fecha com dois planos abertos, de uma região (lugar que dá título ao curta) coberta de neve na Islândia. Um homem carregando um microfone e um mini-amplificador, reproduzindo sons, ao esmo. O filme capta sons e imagens, registra a natureza reagindo a presença daquele corpo, e o frio congelante
Rafa (2012 – POR)
Novamente João Salaviza coloca seus olhos a jovens, da periferia, de Lisboa. Novo capítulo de curtas de sua Trilogia Acidental, este trabalho ganhou o Urso de Ouro em Berlim, e conta a história do garoto cuja mãe foi presa por um acidente de automóvel. Um único acontecimento capaz de acelerar o amadurecimento de um jovem, assim, de uma hora para outra. Salaviza continua filmando esse desconsolo adolescente enquanto retrata essa Lisboa que não parece abraçar sua juventude, fazendo a aspereza a necessidade de amadurecimento de cada um.