Birth of a Nation (2016 – EUA)
O caso desse filme merece estudo para que se possa compreender os meandros da indústria cinematográfica. Em janeiro, me plena campanha do Oscar, e a polêmica do Oscar So White, o filme dirigido por Nate Parker era exibido em Sundance, ovacionado por criticas positivas, escolhido melhor filme da competição principal e virtual vencedor do Oscar, no ano seguinte. Desde então, o escândalo da acusação de estupro que teria sido cometido pelo diretor, há alguns anos, praticamente afundou qualquer expectativa do filme.
Polêmicas além da sala escura à parte, o filme já é polêmico por natureza. Primeiro porque traz um tema que o cinema pouco abordou, por mais que 12 Anos de Escravidão seja tão recente. Mas, a escravidão dos negros não passa nem perto do massacre de Judeus, por exemplo, ou dos filmes sobre ditaduras militares.
Nate Parker também protagoniza a história do escravo negro católico que é usado por seu dono para pregar a palavra do senhor a outros escravos, e assim ajudar a “acalmá-los”. A trama é baseada na história verídica da primeira revolução de escravos nos EUA, e que durou apenas alguns dias. Parker segue todas as cartilhas do drama de Hollywood para entregar um filme de impacto, são inúmeras as cenas de abusos e barbáries contra negros, estupros e violências, justiçando a reação em cadeia. Cenas mais que necessárias, mas o tom melodramático exagerado não, e o filme abusa sem dó de câmera lenta e trilha sonora intensa.
O resultado é impactante e emocionante, e ao mesmo tempo frustrante. Parker coloca sua história num pasteurizador e entrega o mesmo formato que, todo e qualquer drama postulante ao Oscar, já fez ou ainda fará. A referência ao clássico de Griffith fica no título, assim como as possibilidades de apresentar um filme que fugisse do mais do mesmo, não fosse o tema tão pouco explorado.