El Amparo (2016 – VEN)
O diretor Rober Calzadilla segue seus personagens pela nunca, no meio da mata, à beira do rio. Adentra pequenos casebres e tenta resgatar um pouco da vida simples de venezuelanos, numa região de divisa com a Colômbia, com ação das Farc’s e guerrilheiros. Calzadilla mantém o rigor narrativo de um cinema independente e pulsante, surge como boa surpresa e vencedor do troféu Bandeira Paulista de melhor filme da Mostra SP.
A trama reconta a história de chacina e acusações falsas dos militares venezuelanos, nada que surpreenda nós latinos-americanos. Governos de esquerda ou direita, usam dos mesmos artifícios para se proteger ou justificar. Dois homens sobrevivem ao massacre, o grupo de meros pescados é acusado de um plano terrorista. A pequena comunidade local se revolta contra os desmandos e a versão do governo, a imprensa chega ao local enquanto a corrupção tenta abafar o caso. Calzadilla foge do tom melodramático e engajado politicamente, sem deixar de trabalhar com ambos, é a forma como ele dosa esses elementos que enriquece sua direção vigorosa e esse tom testemunhal que seu filme impõe.