Bacalaureat / Graduation (2016 – ROM)
Em outro de seus trabalhos extremamente densos, Cristian Mungiu prova porque está sempre na competição de Cannes e pode ser considerado um dos grandes nomes do cinema arthouse da atualidade. O cineasta novamente não perdoa a sociedade romena, mas sua trama pode, facilmente, ser interpretada de maneira universal, afinal, a corrupção é privilégio de toda a humanidade.
No centro da trama um médico respeitado, que se vê tentado a infringir as leis em troca de um favor que possa favorecer sua filha, num momento delicado. Estão postas as armas para a corrupção humana, em todas suas esferas. O que Mungiu faz é escancarar não só a questão de favores políticos, do dinheiro e poder comprando privilégios, mas também da corrupção e falsidade na micro-sociedade, da infidelidade às diversas mentiras que parece não prejudicar ninguém.
Quando criança, aprendemos que quanto mais se mente, mais o nariz cresce, como Pinóquio. Aqui, quanto mais corrupto, mais envolto num mar de lama infindável. É outro conto moral, dessa vez bem explícito, dirigido pelo estilo vigoroso e já bem estabelecido de Mungiu e este cinema romeno que dialoga muito na forma, mas que segue surpreendendo pelo poder de suas reflexões.