Jeune Femme (2017 – FRA)
É preciso sobreviver a primeira cena em que a protagonista, Paula (Laetitia Dosch) faz um depoimento à câmera, histericamente. É bem verdade que essa cena, com plano fechado em seu rosto e sem cortes, diz muito sobre a jovem mulher que o filme, vencedor do Camera D’or, em Cannes, irá acompanhar. O trunfo da diretora Léonor Serraille é justamente dar cabo de toda essa irresponsabilidade e fragilidade da impulsiva que acaba de ser “expulsa” do apartamento do namorado.
A mãe que a renega, não lhe resta outra opção a não ser arrumar um emprego. Num primeiro momento pode parecer que a trama cairá para uma espécie de superação, mas não é o caso. É sim um estudo do amadurecimento, de uma personagem que tenta representar toda uma geração que cobra o imediatismo, a facilidade, ancorados pelo conforto dos pais de classe média. Redenção ou sofrimento, fazem parte do jogo, assim como lidar com novas alianças ou a quebra da confiança. Entre vitórias e derrotas, o importante é o saldo no final do dia, em alguns Paula vence, em outros não, mas segue evoluindo como uma jovem mulher que se insere na sociedade.