Synonymes / Synonyms (2019 – FRA)
Estamos muito acostumados a ver no cinema reflexões da cultura israelense, sempre em oposição ao Islamismo, à Palestina. Nadav Lapid e seu cinema questionador e inquieto parte para um estudo mais profundo do ser israelense. Altamente autobiográfico, Lapid conta de suas experiências quando tentou renegar sua cultura, seu idioma, seu povo e se mudou para a frança, com uma mão na frente e outra atrás, se afastando da família, das crenças religiosas e do exarcebado militarismo israelense
Yoav (Tom Mercier) é esse alterego, que em contraste com dois jovens burgueses franceses, e uma narrativa que quase se divide em esquetes, permite que o cineasta construa um personagem de complexidade ímpar. O desenrolar da trama do jovem que tem sua roupa roubada e quase morre de frio, ao chegar à Paris, é de uma explosão de sensações. Afinal, é tão latente esse desejo de aversão à sua nacionalidade e um desejo de assumir uma nova identidade, mas o choque com a realidade dessa nova sociedade causa ainda mais turbulência nessa mente inquieta. Seria a decepção por encontrar enraizado os mesmos comportamentos, mesmo numa cultura aparentemente tão diferente ou é só diferente pelo ar pedante e a falsa sensação de evoluição cultural?
Lapid filma com a urgência que o discurso de Yoav pede, como na incrível cena inicial em que ele corre por uma Paris vazia, e a imagem granulada focaliza suas pernas aceleradas. E o filme todo tem essa urgência de criticar o Estado de Israel, assim como ao França, ninguém está livre desse olhar destemido de Lapid.