Boatman (1996 – ITA)

O média-metragem observacional marca a estreia do documentarista italiano Gianfranco Rosi numa viagem pelo rio Ganges na Índia. Claro que há o apreço pelo exótico vindo de um olhar ocidental para a pobreza, a ingenuidade e as crenças indianas tão particulares. Mas, o filme se destaca por essa câmera testemunho, e pela capacidade de Rosi em fazer seus personagens falarem tão livremente sobre os costumes dos funerais, os corpos pelo rio, a critica aos europeus que perguntam os porquês de tudo que parece distante de sua cultura.
A figura central acaba sendo o barqueiro que os guia pelo rio, mas não é o único a colaborar nessa confecção de um retrato das diferenças entre castas, da pobreza latente, do valor entre ter um filha ou um filho, nas vacas caminhando livremente pelos mercadinhos de rua exprimidos. Se o branco e preto do filme esconde a famoso colorido indiano, ele nos ajuda a não perder de vista os depoimentos, a malandragem ingenua, e as indiossincrancias que marcam as falas de todos eles.