Piedade (2019)
Cláudio Assis chegou chutando portas e chamando atenção com Amarelo Manga, seu cinema extravagante e inquietante fazia um retrato provocador e com aquele cheiro de suor e sangue, se tornou queridinho do prestigiado Festival de Brasília (já ganhou 3 vezes o Candango de Melhor Filme). Depois nunca mais foi o mesmo, agradou mais ou menos nos filmes a seguir, mas seu novo filme parece apenas uma grife de algumas das obsessões de seu cinema. O sexo, o extravagante, eles estão lá, mas o inquietante e provocador foi trocado por uma história que tenta remendar numa colcha as empresas que exploram natureza e povoados, e uma família errática com segredos, reencontros e a figura paterna quase imperdoável (e ausente no filme). Esse todo é costurado por essa grife que tenta ser bonito, ou ser poético, e até imitar, novamente, Taxi Driver, mas vai ficando apenas com o vazio de suas ideias e elipses.