Ghare-Baire / The Home and the World (1984 – IND)
Sei lá porque tanto adiamento, o fato é que chego tarde, e pelo fim, mas já impressionado pelo cinema do celebrado diretor indiano Satyajit Ray no primeiro filme que finalmente vejo. O título do filme já é curioso ao retratar a dualidade entre tradição e modernidade, o marido com inclinação à cultura ocidental incentiva a esposa a aprender idioma, música e costumes, a sair de casa e se abrir para o mundo. O ano é 1905, o país ainda sob domínio britânico é dividido (a outra parte se tornaria Bangladesh), a burguesia é contra e lança um movimento de boicote a produtos importados (ingleses). Um dos pontos chave é a amizade com um dos líderes do movimento, o marido empurra sua esposa ao movimento político e a situação das ruas se mistura com a tensão sexual entre a esposa e esse líder revolucionário. Dessa forma, Ray retrata a história política e religiosa, os interesses pessoais e ainda permite espaço a questão feminista. É um cinema falsamente simples, de muitos diálogos dentro de casa, de discursos de convencimento e pontos de vista distintos. Um cinema rico que usa da simplicidade narrativa, e dela transborda complexidade.