Tommaso (2019 – ITA)
Nos mais recentes filmes de sua safra italiana, o cineasta Abel Ferrara vem construindo um outro tipo de retrato da masculinidade. Ficaram de lado a máfia, o marginal, o sexo sujo e até o degradante, a figura central (interpretado por Willen Dafoe) é um artista americano vivendo na Itália, aprendendo o idioma, convivendo com sua filha e esposa mais jovem. Nele estão as angústias de um casamento que nem sempre entrega o que ele gostaria, suas criações artíticas, os encontros no AA, fantasias sexuais e possíveis aventuras, tudo dentro de um misto de realidade e ficção na mente do protagonista que ao invés de confundir, auxilia a mergulhar nessas aguras masculinas de decepção, libido, fúria necessidade de ser o protetor, choque cultural e tantas questões. Ferrara é íntimo de outra maneira, não são só os planos-fechados, o estudo psicológico, há ali suas experiências, sua maturidade, e um cinema mais apurado e menos extravagante.