The Power of the Dog (2021 – EUA)
Demora a se revelar o tema central do desejo nesse faroeste de Jane Campion. O tema é recorrente em sua filmografia, mas aqui a narrativa está no masculino, em sua toxidade, e as dores lacradas às setes chaves. O cowboy bruto que pega no pé da cunhada, e do filho dela, requer uma construção minuciosa de Campion, e Cumberbatch, para todas suas complexidades. Mas, a construção de Campion é mais rica, e também retrata dores e dramas da cunhada, do filho, e do do irmão do cowboy. Todos eles introspectivos e feridos, se aproximam e se afastam uns dos outros, todos tem seus segredos e sua maneira violenta de agir (atos, palavras, diversas formas). E como Campion vai revelando e aprofundando tudo isso é que eleva seu filme. Aqui voltamos ao desejo, que comanda o quarto final do filme, tudo tão reprimido e, aparentemente, discreto. Digo aparentemente porque o filme foca em pequenos detalhes que simbolizados pelo desfecho permitem o encaixe das últimas peças desse quebra-cabeças de desejo e virilidade.