La Virgen de Agosto (2019 – ESP)
Sempre atraente notar o amadurecimento cinematográfico ao longo de uma carreira, Jonás Trueba já tem seis filmes, esse é o terceiro que assisto do jovem cineasta espanhol, logo agora que ele foi listado no Top 10 do ano da Cahier du Cinema. Sua estreia foi com o ingênuo e romântico Todas Las Canciones Hablan de Mi sobre um jovem lidando com o fim do namoro, por um bom tempo tive o link da cena final no youtube guardado nos favoritos e revisitava e me emocionava com a catarse romântica do monólogo. A Reconquista marca o reencontro de um ex-casal, passado e presente se misturam. São todos filmes que lembram a estética da trilogia do Antes e Linklater, versões à espanhola em que personagens e filmes amadurecem tal qual seu diretor.
Em seu novo filme há duas protagonistas, uma delas é a cidade de Madrid em Agosto, período de férias em que muitos viajam, e a cidade fica para os turistas e os que aproveitam as festas de verão. A principal personagem é Eva, que na casa dos trinta anos parece perdida na vida e resolve passar a primeira quinzena do mês numa casa emprestada, e deixar os dias sem planos, turistando e deixando a vida a levar.
Entre Eva e Madrid surgem encontros com amigos, ou novas pessoas, enquanto Trueba faz um retrato dos adultos madrilenos de trinta anos que veem poucas oportunidades profissionais, inclusive muitos emigraram a outros países da Europa (vale comentar que a Espanha passou por uma grave crise econômica, diversas mudanças de governo em curto período de tempo). O romance e o sexo continuam como temas caros ao cineasta, mas eles vão dando espaço a outros como a questão da maternidade, da liberdade, o roteiro co-escrito com a atriz principal dá ares mais femininos. Além de tudo isso, há a sensação de um madrileno redescobrindo sua cidade, afinal, é muito comum deixarmos para turistas viverem coisas na cidade onde vivemos, lugares que passamos a vida toda e sequer entramos, ou ficamos anos sem revisitar.