Conte de Printemps “A Tale of Springtime”, 1990 – FRA)
Lá se vão 30 anos desde o lançamento desse primeiro capítulo do Conto das Quatro Estações de Rohmer, e curioso como as relações pessoais e dilemas românticos mudaram tantos nos últimos anos. Os mais críticos, a um estereótipo de cinema francês blasé, podem encontrar aqui um prato cheio para suas críticas, afinal os franceses discutem filosofia transcendental, Klant e Platão, ou estão ouvindo Schumann num simples jantar. Mas, o cinema de Rohmer apenas utiliza os aspectos culturais para florear essas relações pessoais tão caras em seus filmes. Boa parte dos seus filmes são simples na forma, almejam a naturalidade, e um prazer especial maior de discutir emoções e sentimentos do que vivenciá-los.
A trama pode parecer fulgaz na maneira como aproxima duas jovens a se tornarem amigas tão rapidamente, o importante são as pequenas descobertas de suas manias e perfis, então referências como a mania de organização de uma delas, que respeita fortemente a organização dos outros, são mais importantes do que quem essas pessoas são. Mas as tramas desses contos são assim rapidamente colocam à mesa esses dilemas de personagens, aqui a moça que se incomoda com a namorada do pai, e queria que a nova amiga assumisse esse lugar.
Invariavelmente os personagens se encontram, conversam, discutem, convivem num jardim em plena primavera. Os diálogos e dramas parecem arquitetados demais, naturalistas de menos, ainda mais envelhecidos pelos dilemas que ficaram três década atrás, aqui, a vida real que Rohmer tanto quer espelhar, parece mais convincente na teoria exatamente porque desejo e paixão não são sensações vivida entre esses personagens.