
Malmkrog / Manor House (2020 – ROM)
A partir de um livro do russo Vladimir Solovyov, Cristi Puiu nos leva ao mundo da aristocracia, em pleno século XIX, no Leste Europeu. Serão mais de 3 horas de um filme cerebral, calcado em diálogos e mais diálogos enquanto Puiu é milimétrico em um cinema austero de longas sequencias sem cortes, ou planos-contraplanos na mesa de jantar. Em outro momento, planos bem aberto, com câmera fixa, posicionada em uma antessala, ao lado de onde os personagens conversam. Não é um filme muito acessível em sua teatralidade e densas conversas carregadas de arrogância. O grupo que reúne condessa, general, político e outros membros da aristocracia conversam em francês (era assim que a burguesia russa achava chique) e debatem sobre fé e anticristo, sobre amor e morte, destacam aspectos morais e principalmente a guerra. Sim, um deles defende guerras justas, uma jovem considera não aceitável matar alguém. Nações civilizadas x os selvagens, cada frase impõe clareza aos pensamentos de privilégios e desprezo aos que não fazem parte desse mundo.
Malmkrog faz referência em como os alemães chamam aquela aldeia na Transilvania onde a mansão fica localizada. A neve, o frio, contraponto para essa frieza com que Puiu revive personagens dessa estirpe, seu trabalho é rigoroso e cuidadoso, porém bastante cansativo, e sua maneira de demonstrar a decadência é nos fazer mergulhar naquele ambiente. O filme todo é o exercício observacional de nos fazer olhar com desprezo para essa burguesia cujo declínio era iminente.