Post Tenebras Lux (2012 – MEX)
Carlos Reygadas está sempre se equilibrando numa linha tênue entre um grande filme e aquele que causa desgosto. Semi-autobiográfico, o diretor espanhol aborda uma região rural mexicana, uma familia se move para lá (talvez devido a alguma crise financeira?). A maneira como cada um dos moradores daquela casa se relaciona com o novo meio parece ser o único (a meu ver explicável) fio condutor dessa trama.
A criança pequena com a natureza e os animais, as brigas do casal, o marido com os moradores da região, garotos numa partida de rugby, até mesmo as experiências num casarão de swing. O diabo que aparece num estilo gráfico completamente diferente daquele universo rural, carregando uma maleta. Reygadas, como sempre, foge da narrativa clara e retilínea, muito mais absorvida do que entendida. Há a tragédia, a violência, mas tratar essas sugestões como temas é diminuir ou simplificar demais.
Por outro lado, o risco dessa falta de clareza e absorção mínima de tudo que se passa ali, gera desconfiança, desconforto, quase nenhum entendimento. E ficar apenas com belos planos e essa sensação de cubismo no cinema, de partes que não forma um todo.