Terraferma (2011 – ITA/FRA)
Última parte de uma trilogia sobre deslocamentos, o filme do cineasta Emanuele Crialese aponta também para outras pequenas obsessões costumeiras em seus filmes, entre elas a presença constante do mar e de embarcações. Aqui Crialese pretende ir além da questão da imigração ilegal, quer brincar também com as mudanças ao passar do tempo, a pequena ilha perto da Sicília cuja população vivia da pesca agora dá lugar ao turismo como mola propulsora da economia. Há os que se adaptam, outros pragmáticos sempre viveram da pescaria e acreditam que com ela devem permanecer. Crialese parte dos conflitos de uma família (entre tradição e futuro) para forçar a conexão com a questão dos africanos chegando aos montes em embarcações primitivas pelo Mediterraneo.
O detalhe é que o filme não se contenta apenas com a questão política, quer ir além, deseja revelar um romance entre o jovem pescador e uma turista, deseja expor a questão complicada da subsistencia dos pescadores, e chocar com a repressão policial para que os imigrantes ilegais não sejam salvos em alto-mar (causando cena de fortissimo impacto quando africanos tentam invadir uma embarcação e são recebidos violentamente). É o sonho da terra firme, para os que chegam ao continente e aos que ali estão, Crialese amarra todos estes temas muito bem, mas precisa sempre exagerar (com mulheres grávidas, por exemplo, excesso de melodrama).
* indicado pela Itália ao Oscar de Filme Estrangeiro