Deux Jours, Une Nuit (2014 – BEL)
Mendigar seu emprego aos colegas de trbalho. Marion Cotilard, sem maquiagem, descabelada, desesperada, não tem outra saída, precisa implorar que seus colegas prefiram que ela mantenha o emprego, ao invés deles ganharem um bônus. Eles já votaram pleo bônus, mas ela convence o chefe de que merece uma segunda votação. Resta o fim de semana, procurar todos os colegas e pedir que mudem o voto.
O argumento é perverso, tendencioso, claramente melodramático. Na peregrinação pela solidariedade dos colegas, ela tem o suporte do marido (Fabrizio Rongione), que trabalha como garçom. Sem o salário não teriam como pagar as contas da família (dois filhos pequenos). Jean-Pierre e Luc Dardenne abordam os mais diferentes pontos do relacionamento humano enquanto Cotilard se desdobrar em visitar os 16 colegas que poder permitir que ela mantenha o emprego.
A cada visita a umdos colegas é uma nova sessão de desespero no público. Lágrimas, desespero, a voz trêmula, a humilhação. Do outro lado, eles ouvem atentamente, argumentam, uns são solidários, outros tem medo, há os que desprezam. A cada casa, a cada pessoa, um tipo de comportamento, o conto moral dos Dardenne disseca cruelmente a vida social em sua plenitude.
O famoso estilo visual dos irmãos cineasta nunca foi tão bem utilizado. A câmera na mão, planos fechados, muitas vezes na nuca dos personagens, é de uma invasão absurda. Descontrole emocional, apoio, o desespero do pior prestes a acontecer. O filme dos Dardenne é de arrepiar o cabelo de qualquer careca, vai desde o cinismo com que as relações empregatícias se constitui (ou vocês escolher ela, ou um dinheirinho a mais no final do ano), até os comportamentos díspares e inesperados quando o coletivimos é colocado à prova frente o individual. O desemprego como foco da desestabilização pessoal e social, haja lágrimas para resistir até o final.