A cada novo filme, Francis Ford Coppola parece provar que desaprendeu a fazer cinema. Há anos vem numa fase de pequenos trabalhos, que deveriam representar um cineasta cansado dos grandes estúdios, orçamentos milionários, filmes grandiosos e eloquentes. Mas não: a sensação é de que ele perdeu a mão mesmo e procura se reencontrar, como se sofresse de uma espécie de amnésia criativa. Seu nome, prestígio, amizade, seja o que for, ainda conseguem atrair atores de destaque (ou que buscam a redenção, caso do protagonista Val Kilmer), porém suas histórias vagam entre o confuso e o desinteressante.
O roteiro é daqueles “para boi dormir”. Um escritor de livros sobre bruxas (Kilmer) vai parar numa cidade macabra, com vampiros e um inexplicado assassinato em série de crianças, além de um xerife doido para ser escritor. Desse mote para um envolvimento com a própria história trágica do escritor é um pulinho.
Utilizando sua própria fazenda para as filmagens, Coppola parece ter descoberto a câmera HD só agora, e as imagens são tão mal-acabadas que mais parecem uma daquelas produções terror B que inundam a programação da tv a cabo nas madrugadas. Ainda há Edgar Allan Poe (coitado dele) explanando sobre a escrita, atuando como uma espécie de narrador para o próprio escritor entender tudo que se passa. Há também a mistura de sonho e realidade, uma parafernália narrativa para tentar resolver o que parece sem solução: o resultado final que não vale muita coisa.