Julio Bressane seria como o Godard Brasileiro. Seu cinema de culto artístico elevado, de intelectualismo nato, são obras de difícil acesso. Dessa forma construiu sua carreira, e garantiu seu espaço no concorrido mercado internacional dos grandes festivais. Na sua versão da história de Cleópatra, Alessandra Negrini encarna a sensual mulher que encantou os grandes imperadores romanos. Com um sotaque mais que estranho (de quem deseja soar como estrangeira), Negrini exibe uma mulher despudorada, mergulhada em anseios sexuais, e momentos de pura arte.
Sim, estamos diante de uma espécie de arrogância artística, quase um teatro filmado com os enquadramentos de Manoel de Oliveira. A história de Julio César, Marco Antonio e Augusto passa pela alcova de Cleópatra. O Império Romano a mercê da saciedade sexual da musa egípcia e seus amantes. Tudo contado com diálogos chamuscados e um didatismo disfarçado intelectual. Enquanto Miguel Falabella assume Julio César estamos bem, o que vem a seguir são atores tentando imitar o tom do personagem sucessor.