Joy (2015 – EUA)
E lá vem David O. Russel novamente. E com ele, as famílias disfuncionais e as discussões extravagantes, e o mar de problemas e intolerâncias que só a total dependência familiar mantém todos unidos, no mesmo teto. E também a trilha sonora pop e empolgante, e os planos-sequencias de personagens caminhando com estilo, aquela combinação que atrai empatia imediata do público. E tantos outros cacoetes de um cinema sub-Scorsese. O diretor continua contando variações da mesma história, com seu grupinho de atores que só diferenciam cortes de cabelo e figurinos estilosos.
Ultimamente, todos os filmes com assinatura de Russel já surgem como grande favoritismo ao Oscar, aos filmes mais esperados do ano. E dessa vez, a reação geral foi de fracasso, emplacando apenas indicação para Jennifer Lawrence. E é quem carrega todo o peso do mundo sob as costas, o cerne da tragédia pouca é bobagem. Afinal, são tantos dramas familiares, entre crises financeiras e brigas recorrentes, que o leitor precisaria de um lenço para ler toda a sinopse.
Joy é joguete perfeito para vender a América das oportunidades, e Russel vende perfeitamente este estereótipo. Primeiro a joga na lama, para despois, a partir de sua própria capacidade e simplicidade, colocaria novamente no ringue, pronta para briga rumo ao sucesso. É uma artimanha bem barata para conquistar o público, e em algum momento você também será conquistado por essa “ coitada lutadora”. Trilha incidental emocionante, frases de efeito como “eles são o melhor casal divorciado da América”, está cada vez mais difícil de engolir seus fimes.