Voltar ao filme de estreia de Stephen Daldry, que rapidamente o colocou como um nome “oscarizável” em Hollywood, após tantos anos e de ter assistido ao musical, chega a ser cruel com o filme. A possibilidade de notar tantas fragilidades, desde o orçamento reduzido que encontra em soluções honestas (e pobrezinhas) alguns caminhos, até a total necessidade de concentrar, única e exclusivamente, o filme no garoto prodígio (Jamie Bell) destacando, assim, uma incapacidade de desenvolver os demais coadjuvantes.
Panos de fundo sem aprofundamento algum, principalmente a questão da greve dos mineiros, na década de 80, Daldry praticamente faz uma adaptação do mundo Disney na Inglaterra oitentista. O garoto sofre, confronta a família, mas é tudo amansado pelo conto de fadas. A relação com a professora (Julie Walters), o despertar da sexualidade, é tudo tão superficial quanto as sequencias pelo bairro de periferia de casas de tijolinho.
A história do garoto que treinava boxe, mas se encanta pelo ballet, enquanto pai e irmão durões lideram uma greve (no Governo Tatcher) que se estende por meses, é encantadora pela magia com que Jamie Bell sai dançando pelas ruas, por como Daldry conduz a história como numa transição de drama a musical, trazendo leveza e encantamento aos carregados sotaques britânicos.