Arizona Dream (1993 – EUA/FRA) 




Não poderia ter sido mais equivocada a investida do diretor bósnio Emir Kusturica em solo americano. Com roteiro seu, em parceria com David Atkins, o filme afundou mesmo com um elenco de atores renomados. Diria ser uma comédia equivocada. Sem risos, uma trama exageradamente surreal e um conjunto de personagens histéricos, guiados por seus sonhos delirantes. Kusturica abusa do andar em círculos e do desapego à realidade. Não consegue equilibrar suas ideias num raciocínio possível, parece mergulhar no próprio sonho que seu roteiro inventou, apoiando-se nas excentricidades de seus personagens para buscar maior dinamismo.
Uma idealização do sonho americano de uma geração que desejou negar o “american way of life”, o conforto financeiro dos mais velhos e a frustração da juventude. Kusturica vende a ideia de que o destino de todos é ser cópia de seus pais, como se as origens fossem uma raiz que não lhes deixa alternativa. O tio (Vincent Gallo) que tenta convencer o sobrinho (Johnny Depp) voltar a morar no Arizona para viver da venda de Cadillacs (negócio da família). Um peixe com os dois olhos do mesmo lado, o Alasca e a vida dos esquimós, o desejo de voar, e um triângulo amoroso amalucado (com Faye Dunaway e Lili Taylor), o filme cai em obviedades que não condizem com seus elementos tão surreais.